Nos dias 5 e 6 de julho de 2025, a Pastoral Indigenista promoveu dois importantes momentos de mobilização e valorização da cultura dos povos originários: a 2ª Roda de Conversa, realizada na Aldeia Irajá, em Aracruz, e a 3ª Caminhada de Fé e Unificação, entre as aldeias de Areal (Tupinikim) e Piraque-açu (Guarani).
Os encontros reuniram lideranças indígenas, representantes de entidades de apoio, paroquianos e participantes de várias regiões do Espírito Santo e de outros estados, fortalecendo o apoio à causa indígena e a defesa de seus direitos constitucionais.
Reflexão e partilha na Aldeia Irajá
No sábado (5), a Roda de Conversa teve como objetivo “tecer juntos os fios da memória”, dando voz à luta viva e organizada pelos direitos dos povos indígenas. Estiveram presentes:
- Vilson Jaguareté, indígena Tupinikim e vereador em Aracruz, que ressaltou a importância da Lei Municipal 4.506 e lembrou os episódios de violência histórica vividos pelos povos na luta pela terra.
- Débora Tupinikim, doutora em Política Social, que abordou os desafios da saúde indígena, apontando avanços e lacunas que ainda precisam ser superadas nas políticas públicas.
- Bárbara Tupinikim, liderança da Aldeia Pau Brasil, que chamou atenção para a crise climática e a relação profunda entre os povos indígenas, os rios, florestas e o mar.
- Haroldo Heleno, coordenador do CIMI Regional Leste, e Tânia Maria Silveira, doutora em Ciências Sociais, que contribuíram com análises sobre os desafios nacionais enfrentados pelos povos originários e reforçaram a importância da repactuação do Rio Doce — processo que busca reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.
O momento foi enriquecido com apresentações culturais da Banda de Congo da Aldeia Caieiras Velha e do Grupo Jovens Guerreiros da Aldeia Irajá. Ao final, o coordenador da Pastoral Indigenista, padre Suderlan, agradeceu aos participantes e destacou a missão da pastoral: atuar junto às comunidades indígenas no fortalecimento de sua organização social e política, em defesa dos seus direitos.
Caminhada fortalece luta pela terra e identidade
No domingo (6), foi realizada a 3ª Caminhada de Fé e Unificação: Memória da Conquista da Terra. O trajeto de 17 km entre as aldeias Areal e Piraque-açu reuniu cerca de 380 pessoas em um gesto de comunhão e solidariedade aos povos originários. A caminhada destacou a importância da preservação da cultura, da identidade indígena e da proteção do território.
Durante o percurso, participantes vivenciaram momentos de espiritualidade e conscientização ecológica. A liderança indígena Bárbara compartilhou sua emoção: “Foi uma experiência marcante, inclusive para as crianças. Caminhamos com minha filha de 11 anos e mostramos o valor da água, do ar e do território. Uma verdadeira aula de vida.”
Ao final do trajeto, os participantes foram acolhidos com um almoço na Aldeia Piraque-açu e vivenciaram um diálogo com os caciques Peru e Jonas. Ambos destacaram o impacto do crime ambiental de Mariana sobre seus territórios e a importância de gestos como a caminhada para fortalecer a luta indígena pela terra.
Compromisso contínuo
A Pastoral Indigenista reafirmou, nesses dois dias de atividades, seu compromisso com a escuta, o diálogo e a presença junto aos povos originários — elementos centrais na missão evangelizadora da Igreja e na construção da justiça e dignidade para todos os povos.
Por: Padre Suderlan Tozo Binda – Assessor da pastoral Indigenista