Em agosto, mês das vocações, deparamo-nos com a vocação Diaconal e a Presbiteral. E também o Dia dos pais, no segundo domingo do mês, quando começa a semana nacional da família. Se no dia 04 de agosto a Igreja comemora o “dia do pároco”, no dia 10 de agosto é a vez de celebrar o “dia do diácono”, na festa de São Lourenço, diácono e mártir e patrono dos diáconos. De São Lourenço recordamos o seu testemunho a respeito dos “bens” da Igreja: “a riqueza da Igreja são os pobres!”
O diácono é uma vocação ministerial para o serviço. O próprio termo diaconia expressa o ser diácono – o que serve, configurando-se ao Cristo Servo que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos (Mc 10,45). O ministério diaconal se expressa em três dimensões: o serviço da Palavra de Deus, o serviço da Caridade e o serviço da Liturgia.
Para celebrar a data, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, Administrador Apostólico da Diocese de Colatina, envia um texto falando sobre a “Vocação Diaconal”.
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A vocação diaconal.
Quero partilhar neste mês de agosto, um assunto que vem despertando o interesse de muitas pessoas, pois venho recebendo pelas redes sociais, muitos questionamentos com relação à vocação diaconal. Para uma boa compreensão, é preciso ter claro o sentido vocacional, pois o diácono permanente não é um funcionário da Instituição.
O Papa Bento XVI, na sua Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, em 2012, destacava que toda vocação “é um dom do amor de Deus”. Os Evangelhos apresentam a vocação como um belo encontro entre a pessoa humana e Deus, que nos amou por primeiro. São Paulo, ao escrever aos cristãos de Éfeso anunciando a vida plena em Cristo, eleva um Bendito seja Deus, pois Ele “antes do início do mundo nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis diante Dele no amor” (Ef 1,4). Portanto, fomos amados e escolhidos por Deus, antes do nosso nascimento.
A vocação diaconal está ligada ao Cristo-Servo, aquele que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45), que na linguagem semítica, significa por todos. De fato, os diáconos, sendo um dom de Deus à sua Igreja, são marcados pelo caráter do serviço e gratuidade/voluntariado.
Em Atos 6,2 os apóstolos discutiam “não está certo que nós descuidemos da Palavra de Deus para servir às mesas”; o crescimento das comunidades gerava tensões e conflitos internos. Muitos pobres não estavam sendo bem atendidos. Então os Doze convocaram uma assembleia e apresentaram uma solução concreta: descentralizar os serviços, escolhendo novos ministros. A comunidade aderiu a ideia, realizando uma eleição, onde os Doze confirmaram os eleitos mediante a imposição das mãos. Surge assim, uma nova organização na comunidade, o grupo dos Sete Diáconos (At 21,8). Atualmente o Brasil conta com 1.370 diáconos. Sempre foi norma de a Igreja Católica conceder o Sacramento da Ordem apenas aos homens. As “diaconisas” de que fala a Bíblia Sagrada não receberam imposição das mãos, mas apenas exerciam a “diaconia” (serviço) em suas comunidades.
Atualmente, o ministério diaconal é exercido segundo as Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja no Brasil, documento n.96, que define três âmbitos: 1º o serviço da Caridade, pelo qual o diácono assume a opção preferencial e evangélica pelos pobres, marginalizados e excluídos da sociedade; 2º o serviço da Palavra, pelo qual o diácono se torna discípulo, ouvinte, servidor e mensageiro da Palavra, da Bíblia Sagrada; 3º o serviço da Liturgia exercido pelo diácono na celebração dos sacramentos ( Batismo e Matrimônio), na presidência das celebrações da Palavra e nas orações,¨ nutrindo-se constantemente da Eucaristia¨ (Diretrizes, n.65).
Os documentos de “Santo Domingo ” esclarecem que o diácono permanente é o único a viver a dupla sacramentalidade, ou seja, da Ordem e do Matrimônio. Um não elimina o outro. A vida matrimonial é, portanto, vivida em sua plenitude. Esta é a razão pela qual a esposa precisa autorizar, por escrito e de viva voz, no momento da ordenação, que o Bispo tem a sua autorização irrevogável para ordenar seu marido.
Quanto à vida social, ele deverá vive-la plenamente na dimensão da Família, Trabalho e Igreja, sem que uma prejudique a outra. O diácono por viver tais dimensões, terá um vasto campo para evangelização, sendo clero a atuar no mundo de maneira a promover em sua missão, profundas transformações na vida da sociedade.
Deste modo, todos nós, de acordo com os dons recebidos da bondade de Deus, somos convidados a discernir qual é o chamado que o Senhor nos faz, através de uma caminhada concreta na comunidade e de um acompanhamento vocacional.
Dom Wladimir
Administrador Apostólico da Diocese de Colatina