Vitória (ES) – Entre os dias 15 a 17 de novembro, a Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB, por meio do setor de Educação, realizou o XXII Encontro Nacional da Pastoral da Educação (Enape) na Arquidiocese de Vitória (ES). O evento reuniu 505 agentes pastorais, sendo 105 presencialmente e 400 de forma remota, provenientes de todas as regiões do Brasil e dos 19 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
MISSA DE ABERTURA COM DOM LAURO
No dia 15 de novembro, às 17h, a Missa de abertura do encontro foi celebrada no Santuário Nacional de São José de Anchieta, em Anchieta (ES). A celebração foi presidida por Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, Bispo de Colatina e Presidente do Regional Leste 3 da CNBB.
Na acolhida, Dom Lauro expressou sua alegria em receber os agentes da Pastoral da Educação: “É com muita alegria e reverência que acolho a todos neste santuário. Me permita o padre Álvaro, reitor deste espaço sagrado, dizer que, como Presidente do Regional Leste 3, é uma honra tê-los aqui neste 22º Encontro Nacional da Pastoral da Educação. Que este início, em peregrinação ao santuário do Apóstolo do Brasil, São José de Anchieta, nos inspire a caminhar como verdadeiros peregrinos de esperança”.
Em sua homilia, Dom Lauro destacou a relevância de São José de Anchieta como inspiração para educadores e refletiu sobre a importância da educação como um processo transformador. Ele ressaltou: “Educação é sempre movimento. Não é apenas instrução, mas a construção de um projeto que nos projete à transcendência, à solidariedade e ao crescimento coletivo. Anchieta, com sua proximidade e dedicação, nos ensina a importância de nos identificarmos com nossa missão como educadores e agentes de transformação.”
Nós somos educadores que, como peregrinos de esperança, não podem se contentar com o imediato, com o raso, com o superficial. Estamos aqui, neste santuário, para renovar essa esperança que nos move. Olhar para São José de Anchieta é também um convite para entender a profundidade do nosso papel como educadores. Ele não apenas ensinou, mas viveu o que acreditava. Ele não apenas escreveu, mas deixou que sua vida fosse uma mensagem. Isso é o que todos nós somos chamados a fazer no cotidiano”.
Dom Lauro continuou refletindo sobre a missão de São José de Anchieta como educador e missionário: “Anchieta nos ensina que não há verdadeira educação sem amor e sem compaixão. Ele se fez próximo daqueles que não entendiam sua língua. Aprendeu a língua deles, não só para ensinar, mas para compartilhar a Boa Nova. Essa proximidade empática é o que também nos é exigido como educadores nos dias de hoje. Uma educação que ignora o outro, que não considera sua realidade, que não busca incluir, não pode ser chamada de educação verdadeira”.
“O Papa Francisco nos alerta constantemente sobre os riscos de uma sociedade que exclui, e nós, como Igreja, temos a missão de ser um farol de inclusão e solidariedade. Aqui, neste encontro, nós renovamos esse compromisso. Não estamos sozinhos. Somos uma comunidade de fé e esperança. E é juntos, na sinodalidade, que poderemos superar os desafios da educação contemporânea”.
Dom Lauro também destacou a importância da espiritualidade no processo educativo: “Não podemos separar a educação da espiritualidade. A educação cristã, como a entendemos, é um ato de fé. Ela nos conecta ao mistério de Deus e nos faz perceber que cada pessoa é um reflexo da Sua obra. Educamos não apenas mentes, mas corações e almas. Quando transmitimos conhecimento, também estamos transmitindo valores, amor, compaixão, solidariedade. Somos, portanto, educadores de um futuro que ainda não vemos, mas que desejamos construir.”
Encerrando sua homilia, o presidente do Leste 3 convidou os presentes a refletirem sobre o chamado ao serviço e ao compromisso: “Meus irmãos e irmãs, ser peregrino de esperança é caminhar com fé, enfrentando os desafios de um mundo que muitas vezes não compreende ou não valoriza o trabalho educativo. É lembrar que, como educadores cristãos, estamos plantando sementes que talvez não vejamos florescer. Mas é Deus quem dá o crescimento. Vamos, portanto, renovar nossa missão e confiar no Espírito Santo, que nos guia e fortalece. Que Anchieta continue sendo para nós essa inspiração e que possamos, como ele, dedicar nossas vidas a uma educação que transforma e redime. Amém.”
EDUCADORES: PEREGRINOS DE ESPERANÇA
Com o tema “Educadores: peregrinos de esperança”, o encontro propôs um itinerário de reflexão sobre a realidade educativa e pastoral, iluminando as vivências dos participantes à luz do Jubileu de 2025.
Um dos momentos mais significativos do evento foi a peregrinação ao Santuário Nacional de São José de Anchieta, onde os educadores vivenciaram momentos de espiritualidade e se conectaram profundamente com o legado do Apóstolo do Brasil. Para o professor Anderson Mendes Batista dos Anjos, coordenador diocesano da Pastoral da Educação, o Enape foi uma experiência transformadora.
“Inspirados nas ações educativas de São José de Anchieta, vivemos momentos de peregrinação, oração e estudo. As reflexões revigoraram o agir pastoral dos agentes da educação em todo o Brasil, à luz do Ano Jubilar de 2025”, afirmou.
REFLEXÕES SOBRE OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Os painéis apresentados durante o evento abordaram as “luzes e sombras” do cenário educacional atual, destacando os desafios da educação integral e as oportunidades de atuação missionária nos espaços educativos. A análise reforçou o papel da Igreja como promotora de uma educação inclusiva e transformadora, evidenciando seu compromisso com os valores cristãos.
A partilha de experiências entre educadores de diferentes regiões construiu um rico panorama das iniciativas pastorais no campo educacional. Como fruto desse diálogo, foi elaborada a Carta de Vitória, um documento que expressa preocupações, compromissos e esperanças, reafirmando a missão de educar com fé e compromisso social.
Leia o documento completo:
[Carta de Vitória – XXII Encontro Nacional da Pastoral da Educação]
Frei Augusto Luiz Gabriel e Professor Anderson Mendes Batista dos Anjos