Preocupada com o crescimento da pobreza e com aspectos relacionados à justiça social, a Diocese de Colatina articula a criação da Comissão Justiça e Paz, órgão importante na defesa dos direitos humanos e que está ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e à Santa Sé.
Segundo o bispo da Diocese de Colatina, dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, a comissão será formada por cristãos de boa vontade que devem colaborar no estudo, na reflexão e no encaminhamento de ações que visem à promoção da justiça e da paz em nosso território, tendo um olhar especial para os mais pobres e sofridos. “Não pode haver paz sem justiça”, disse dom Lauro que enfatizou o objetivo maior dessa iniciativa que é a busca do bem comum, uma vez que a Igreja sonha com a instauração do Reino de Deus já entre nós, com participação, comunhão e distribuição dos bens de forma verdadeira, ampla e fraterna para todos.
Preocupação com o crescimento da pobreza
A Comissão Justiça e Paz chega num momento importante à Diocese de Colatina, quando pesquisas indicam que o número de pobres cresceu nos últimos anos no Espírito Santo. Nesse contexto, o Governo do Estado iniciou, em 2019, o projeto Desenvolvimento Regional Sustentável do Espírito Santo (DRS-ES) e parte da iniciativa voltou-se para uma pesquisa sobre os desafios sociais de cada município capixaba.
Em parceria com o Instituto Jones dos Santos Neves e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), esse projeto lançou o Índice de Desenvolvimento Regional Sustentável (IDRS), que pretende medir as desigualdades sociais existentes.
Segundo o diagnóstico desse índice, o Espírito Santo tinha, em 2018, 20,8% de pobres (827 mil pessoas) e 4% de pessoas em condição de extrema pobreza (157 mil), percentuais esses inferiores aos do Brasil e superiores aos do Sudeste. Os dados apontam também que, de 2012 a 2018, houve um aumento de 1,4 ponto percentual no número de pobres no Estado.
Destaques
Segundo o ranking publicado pelo projeto, um dos destaques negativos na taxa de extrema pobreza é o município de Laranja da Terra, que se encontra dentro do território da Diocese de Colatina. Também são críticas as taxas apresentadas por São Domingos do Norte, Pancas, Itaguaçu e Rio Bananal, cidades que fazem parte da nossa diocese.
O coordenador diocesano da Ação Evangelizadora, padre Marinaldo Serafim, olha com profunda tristeza os dados que refletem a desigualdade social e a dor da fome.
“Chegar ao fim do dia tendo que repousar com fome é uma realidade de sofrimento e abandono que inquieta a Diocese de Colatina. Nosso olhar é de questionamento sobre o nosso engajamento social, sobre como podemos dar um sentido mais profundo de vivência da fé e transformar essa situação em uma dinâmica de solidariedade e reivindicação do direito de justiça para todos”, observou padre Marinaldo.
O coordenador lembra o convite feito a todos: seguir aos mandamentos de Jesus que diz “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
“É preciso despertar em nosso meio, entre todos, cristãos, sociedade, lideranças, autoridades e responsáveis pela administração pública, a necessidade de colocar em prática medidas e soluções para a superação da miséria e da fome”, afirmou.
Em breve, os membros da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Colatina serão apresentados oficialmente.