A mártir Isabel Cristina foi elevada às honras dos altares e proclamada beata no último sábado (10/12), em cerimônia realizada em Barbacena (MG), que pertence à Arquidiocese de Mariana. Cerca de 10 mil pessoas acompanharam a missa que foi presidida pelo cardeal dom Raymundo Damasceno Assis. Nosso bispo diocesano, dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, estava entre os 18 bispos presentes.
A agora beata Isabel Cristina foi uma jovem leiga que viveu os valores cristãos e a espiritualidade vicentina, inspirando uma caminhada de atenção aos mais pobres e necessitados. Nascida na cidade de Barbacena, em 29 de junho de 1962, ela cresceu na vivência da fé e cultivando uma relação de carinho e amor em família.
Martírio e beatificação
Em 1º de setembro de 1982, aos 20 anos, ela foi brutalmente assassinada em Juiz de Fora (MG), onde morava para se preparar para o vestibular de medicina. Seu agressor tentou violentá-la sexualmente, não obtendo êxito e a assassinou com 15 facadas, além de golpeá-la com uma pequena cadeira, lembrança de seu aniversário de três anos.
De acordo com o coordenador geral da cerimônia de beatificação, monsenhor Danival Milagres Coelho, é uma graça ter a beatificação de uma leiga, jovem, que soube viver a sua fé na defesa corajosa dos seus valores. Ainda na opinião do sacerdote, a beata é uma referência para os jovens. “Isabel Cristina afirmou que ‘é preciso resistir ao mal, custe o que custar’. E custou a vida dela. Nós agradecemos a Deus o testemunho de fé desta jovem”, enfatizou.
Assim como Santa Maria Goretti e a beata Benigna Cardoso da Silva, Isabel Cristina também foi vítima de violência contra a mulher. Nesse sentido, monsenhor Danival aponta que na pessoa dela “nós queremos também lembrar a vida de tantas mulheres vítimas da violência, vítimas da tentativa de abuso sexual e de todos esses crimes contra a mulher”.
Devido à forma como morreu, mas sobretudo como viveu, em 26 de janeiro de 2001, foi instaurado oficialmente o tribunal para a causa de beatificação da jovem Isabel Cristina. Em 1º de setembro de 2009, o processo foi encerrado em âmbito arquidiocesano, quando também aconteceu a exumação dos seus restos mortais e a trasladação deles para o Santuário Nossa Senhora da Piedade, em sua cidade natal.
Após 11 anos, em 27 de outubro de 2020, o Papa Francisco autorizou a publicação do decreto reconhecendo o martírio de Isabel Cristina, possibilitando que ela fosse proclamada beata.
Segundo monsenhor Danival, Isabel Cristina sofreu dois martírios porque, além de ter sofrido a violência física que a levou à morte, foram levantadas, ao longo do processo criminal, suspeitas e acusações falsas contra a moralidade da sua vida e da sua pessoa. Ela foi vítima de calúnia e mentiras na tentativa defender o criminoso. “Mas a justiça, graças a Deus, levou muito a sério o processo, revelando e comprovando toda a verdade do fato que a levou a esta morte tão violenta”, afirmou ele.