Neste dia 20 de março, o padre Jésus Bento Fioresi comemora 58 anos de vida. Padre Jésus é pároco da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, que fica no bairro Bela Vista, em Aracruz. Vamos conhecer sua história?
“Tudo começou no dia 20 de março de 1964, às 14 horas, quando Deus me chamou a este mundo. Eu era o sétimo de uma família de nove filhos. Hoje somos 8, pois o primeiro filho viveu apenas uma semana. Nasci no município de Castelo (ES), numa localidade conhecida como Monte Alverne. Meus primeiros dias não foram muito fáceis. Nasci com “mal de simioto”. Era o nome conhecido e a família não tinha o que fazer. Todos dizem que foi a mão de Deus. Por lá passou um velhinho, que foi visto só pela minha família, que ensinou um remédio natural, com raízes e leite de cabra. Assim foi feito. Em poucos dias, a doença já tinha deixado o menino. Fui batizado por frei Alaor. Recebi o nome de Jésus Bento Fioresi, em homenagem a frei Jésus, agostiniano, pois pensava a mãe que esse menino um dia poderia ser padre.
Com dois anos e meio, tivemos que mudar para o interior de Colatina, pois era muito frio o lugar onde morávamos e éramos muito pobres. Tínhamos o costume de rezar o terço em família e todos os domingos íamos à reza. A comunidade ficava a dois quilômetros da casa onde morávamos. Gostava muito de acompanhar a missa pela rádio celebrada por padre Vitor. Minhas brincadeiras eram de “celebrar missa”. Desde muito cedo, tive que trabalhar na roça. Com quatro anos, eu levava almoço e café para os que estavam trabalhando. Com seis, já ia para a roça trabalhar. Foi quando entrei na catequese e na escola. Com oito anos, fiz minha primeira eucaristia. Em casa, tínhamos uma vida um tanto sofrida. Nosso pai tinha servido o exército e tinha o costume de bater todos os dias nos filhos. Meu pai fabricava laço e talas de couro de boi. Nós apanhávamos com aquilo. Foram anos de muito sofrimento. Um dia, um irmão meu resolveu enfrentá-lo. Desse dia em diante, ele nunca mais encostou a mão em ninguém.
Nesse tempo, eu estava sempre na comunidade, mas não assumia nada, nem tinha pretensão. Quando completei 17 anos, recebi um convite do padre José Clínio Drago para fazer uma experiência em Manhumirim (MG) com os Sacramentinos de Nossa Senhora. Recebi a visita de um padre do seminário de Manhumirim, mas não respondi. Depois, recebi o convite de Maurício Fornanciare (hoje, padre Maurício) para fazer uma experiência vocacional em Linhares. Tive uma conversa com Orlando Henrique de Meira (hoje, padre Orlando), que tinha uma atuação na comunidade, e resolvemos nós dois fazer essa experiência.
Fomos recebidos numa casa vocacional por padre Rubens Duque. Terminei o ensino médio e, nesse tempo, conheci uma moça. Nossa orientação era agora dada por padre Acácio Valentim (já falecido). Numa conversa, ele me orientou a permanecer em Linhares antes de ir para o seminário. Fui para casa nas férias e disse para minha família que não ia para o seminário naquele momento. A casa caiu, mas enfrentei. Voltei a Linhares e fui acolhido por padre Acácio para morar com ele. Trabalhava como vendedor numa loja de utilidades. O namoro não durou muito, mas a experiência valeu. Depois de alguns meses, fui morar com uma família que me acolheu com muito carinho: Valeriano, Nadir e seus filhos. Eles eram membros da Comunidade Bom Pastor, no bairro Shell. Foi um ano maravilhoso. Pude realizar muitos trabalhos junto à comunidade nos círculos bíblicos e nas lutas sociais.
Em 1986, fui para Vitória cursar filosofia. Pensei em desistir algumas vezes, mas sempre ouvia uma palavra de um colega que dizia: “Calma, deixa a poeira abaixar que as coisas vão ficar mais claras”. Com a instalação da Diocese de Colatina, em 1990, fomos morar em Itanguá, Cariacica. Nosso reitor era padre Antonio Wilson. Foi uma experiência vocacional muito boa. Vivíamos mais juntos.
No dia 13 de dezembro de 1992, fui ordenado padre pelas mãos de dom Geraldo Lyrio Rocha na Catedral de Colatina. Dom Geraldo marcou muito minha vocação desde o início.
Em 1993, iniciei meu trabalho como padre na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Linhares. Foi nesse ano que iniciei minha primeira formação no Prado. Isso me ajudou a entender o ministério que estava assumindo e me deu condições de aprender muito. O Prado é uma fonte onde vou buscar o que preciso. Seu jeito de entrar na Palavra de Deus me ajuda muito e me leva a entrar um pouco mais a fundo na vida dos mais pobres. A Palavra é sempre nova e eficaz e a vida dos pobres me desafia a buscar sempre um jeito novo de fazer as coisas.
Em 1998, assumi a Paróquia São Pedro, de Baixo Guandu. Foi um tempo de muito aprendizado! Em 2005, voltei para Linhares, ajudando também na Paróquia Cristo Rei, de Sooretama. Em 2006, dom Décio Sossai Zandonade, bispo de Colatina, precisou de meus trabalhos na Paróquia do Divino Espírito Santo, em Colatina. Em 2012, assumi a Paroquia Coração Eucarístico de Jesus, de Guaraná, Aracruz. Três anos depois, assumi o Seminário Diocesano. Atualmente, estou na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Aracruz.”