Entre os dias 14 e 16 de março de 2025, a Pastoral Indigenista e a Pastoral da Juventude da Paróquia Imaculada Conceição de Coqueiral realizaram o Encontro Intercultural de Jovens (EIJ) na Aldeia Indígena de Irajá. O evento reuniu jovens de diversas comunidades da Paróquia, com destaque para a expressiva participação de jovens indígenas tupinikim, proporcionando um rico intercâmbio sociocultural.
O encontro foi marcado por momentos de formação e convivência, destacando-se pela diversidade de atividades realizadas: rodas de conversa, danças e jogos indígenas, além de gincanas e dinâmicas que tiveram como objetivo reconhecer, valorizar e respeitar os saberes e as tradições dos povos originários do município de Aracruz.
Pe. Suderlan Tozo Binda, coordenador da Pastoral Indigenista, expressou seu carinho e alegria pela realização do encontro, ressaltando que o principal objetivo da Pastoral é apoiar os povos indígenas na garantia de seus direitos. Ele enfatizou que momentos como este são essenciais para fortalecer a identidade e os saberes dos povos originários.
A presença da cacica da aldeia de Irajá, Marcela dos Santos Rocha, foi significativa para o encontro, quando destacou a importância da união e da convivência pacífica entre diferentes crenças e tradições.
Um dos momentos emocionantes foi a partilha do sr. José Sezenando, antigo cacique da Aldeia de Caieiras Velha, que recordou as lutas históricas pela demarcação das terras indígenas no município de Aracruz. Com profundo sentimento de gratidão e memória, ele relembrou os conflitos enfrentados e a resistência necessária para assegurar o reconhecimento das terras tradicionais.
Ana Clara de Araújo Mesquita Cunha Sandarhus, uma das organizadoras do evento, expressou o significado desta experiência: “A importância desse encontro é poder conectar culturas diferentes: a cultura indígena e a não indígena, para que as duas possam caminhar juntas sem discriminação ou preconceito por algo que não é conhecido ou entendido. O EIJ traz jovens de diferentes comunidades para uma realidade diferente das deles. Organizar esse encontro exige muita sabedoria, estudo e conhecimento, pois estar com os povos indígenas é buscar compreender suas lutas, dores e resistências, muitas delas remontam ao período colonial de nossa história. E essa é uma realidade muito diferente da minha”.
Outro depoimento marcante foi de Ybotyrendy Yasmin Marques Loureiro Vicente, jovem tupinikim que destacou: “Como jovem indígena Tupinikim, participar do Encontro Intercultural de Jovens tem um significado muito especial. É uma oportunidade de fortalecer nossa identidade, mostrar quem somos, nossas tradições, cantos, histórias e modos de viver. O EIJ nos permite compartilhar nossa cultura com outros jovens, indígenas e não indígenas, criando laços de respeito e compreensão mútua. Este encontro é um espaço para valorizar minhas raízes e aprender com outras culturas, além de fortalecer a luta pela preservação das nossas tradições, que são parte viva da história do nosso povo.”
O sucesso do encontro foi resultado da colaboração entre a Pastoral Indigenista e a Pastoral da Juventude, que, unidas, criaram um ambiente de diálogo, respeito e celebração da diversidade cultural. O evento deixou como legado a importância de fortalecer os laços comunitários e continuar promovendo espaços de escuta e valorização da história dos povos originários.
Que este encontro inspire outras iniciativas de integração e respeito às diferenças, sempre buscando a construção de uma comunidade mais justa e acolhedora.
Por: Seminarista Vinicius Mantovani Rampineli