Ibiraçu (ES) – Nos dias 3 e 4 de outubro, aproximadamente 50 participantes se reuniram no Instituto Espírito Santo de Inovação Social (IESIS) para o Encontro dos Secretários e Secretarias das Paróquias da Diocese de Colatina (ES). O evento teve como objetivo fortalecer a comunhão entre os profissionais e promover a reflexão sobre o papel essencial que desempenham na vida da Igreja e em suas respectivas paróquias.
Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, bispo da diocese, acolheu os participantes na missa de abertura do encontro. “É uma alegria acolhê-los aqui hoje. Juntos vamos celebrar nossa amizade e também nosso encontro conosco mesmo e com Jesus Cristo”, destacou.
Em sua homilia, Dom Lauro fez referência à importância do papel dos secretários e secretarias na Igreja. “A missão é indicar para a pessoa de Jesus Cristo. É Ele que realiza a missão; nós somos seus servidores. A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Peçamos ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita”, disse, enfatizando a necessidade de oração e confiança na providência divina.
Dom Lauro também abordou a responsabilidade que os secretários têm em suas paróquias, afirmando que “cada um tem uma tarefa vital na organização e na comunicação da vida da Igreja. Não apenas são gestores, mas são testemunhas do amor de Cristo”.
Ele lembrou que, neste ano, a Igreja celebra a segunda sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade e a relevância desse momento para a vida da Igreja.
Durante a celebração, o bispo recordou a importância do testemunho na vida cristã. “Todos somos chamados a testemunhar a esperança cristã, a alegria do Evangelho. Peçamos o perdão pelas vezes em que não experimentamos a abertura ao Espírito, o amor de Deus em nossas vidas e não o comunicamos aos nossos irmãos e irmãs”, declarou.
Além disso, Dom Lauro ressaltou que o amor deve ser o fundamento do trabalho na Igreja: “Trabalhar na paróquia não é apenas uma tarefa, mas um ato de amor. Cada ligação, cada e-mail, cada encontro deve ser permeado pelo amor que Jesus nos ensinou”.
Ele também destacou a relevância de São Jerônimo, lembrando que o dia 30 de setembro é uma data especial para os secretários e secretarias. “Neste dia celebramos a figura de São Jerônimo, que teve uma função importante na revisão das traduções das Sagradas Escrituras em latim. Parabéns a todos vocês que trabalham nas secretarias! Somos peregrinos de esperança e estamos aqui para testemunharmos a fé”, completou.
MANHÃ REPLETA DE ACOLHIDA E ALEGRIA
Já na sala de encontros, Padre Marinaldo Serafim deu as boas-vindas aos participantes com entusiasmo, destacando a importância tanto dos que já são veteranos como dos que estão chegando pela primeira vez. A canção “Que bom que você veio”, de autoria de Ledesmar, foi cantada por todos, celebrando o espírito de comunidade e colaboração entre as secretarias(os).
Os presentes tiveram a oportunidade de se apresentar, contando um pouco de suas histórias. Josiane, vinda da Paróquia São Pedro de Baixo Guandu, compartilhou sua jornada, dizendo que começou a trabalhar na secretaria em maio, após muitos anos de dedicação à vida comunitária e ao EJC (Encontro de Jovens com Cristo). Já Rayane, da Paróquia de Santa Teresa, relatou sua trajetória desde a vida na roça até seu trabalho atual na paróquia e na comunidade.
O encontro também contou com a presença de alguns padres, como o Padre Marcelo, que recentemente chegou à Paróquia Cristo Rei de Sooretama. Ele falou um pouco sobre sua trajetória religiosa, desde sua formação até sua ordenação como sacerdote em 2019. Ele, assim como os demais participantes, expressou a alegria de fazer parte do evento e da missão de servir à diocese.
O espírito de acolhimento e partilha permeou durante boa parte da manhã, com secretários e secretárias de diferentes paróquias interagindo, trocando experiências e fortalecendo os laços de fraternidade e irmandade.
COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO
A Irmã Ivani Costa, da Congregação das Irmãs da Caridade de Ottawa, iniciou sua fala reforçando que o encontro era uma oportunidade para todos estarem juntos e realizarem um bom momento de comunhão. Ela destacou que o Papa Francisco declarou este como o Ano da Oração, em preparação para o Jubileu de Esperança que ocorrerá no próximo ano. Segundo a irmã, essa jornada em direção ao jubileu deve ser feita através da oração, pois a oração cria comunhão, e onde há comunhão, há oração.
Ela destacou que, muitas vezes, nos acostumamos com nossas orações diárias e devoções, mas a verdadeira oração é um encontro com Deus e com nossa própria vida. Inspirando-se em Santa Teresa, Irmã Ivani enfatizou que a oração é um “trato de amizade” com Deus, aquele que nos ama. A vida cristã, disse ela, não é uma ideologia, mas sim uma experiência concreta de encontro com Cristo, e é através dessa experiência que encontramos luzes e trevas, morte e ressurreição.
A irmã também falou sobre as mágoas e tristezas que muitas vezes carregamos, o que pode nos impedir de viver em plena comunhão com Deus e com nós mesmos. Para aprofundar a reflexão, ela trouxe um texto metafórico sobre a águia, ligando sua renovação à nossa própria necessidade de nos reinventarmos e encontrarmos um novo vigor na caminhada espiritual.
Ela propôs um momento de meditação e oração silenciosa de 40 minutos, convidando os participantes a refletirem profundamente sobre o texto, a se conectarem com Deus e a estarem abertos a compartilhar suas impressões e experiências mais tarde. A irmã encerrou com um lembrete de que a oração humaniza e nos torna capazes de acolher e ouvir o outro.
COMUNICAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO
No período da tarde, Frei Augusto Luiz Gabriel, Coordenador diocesano de comunicação, falou aos participantes sobre a criação do Setor de Comunicação da Diocese de Colatina, que foi implementado em junho deste ano.
Frei Augusto destacou Jesus Cristo como o comunicador perfeito do Pai, refletindo sobre a importância da evangelização na Igreja, que se inspira em Jesus para levar adiante a Boa Nova. Ele ressaltou o método de comunicação de Jesus, que utilizava parábolas, uma linguagem acessível e compreensível para todos, e o seu papel como profeta itinerante, transmitindo a mensagem de Deus em todos os lugares por onde passava.
O frade também explicou que, com o Concílio Vaticano II, a Igreja assumiu oficialmente a comunicação como meio de evangelização, por meio do Documento Inter Mirifica. Ao final, ele apresentou orientações práticas para as secretárias e secretários sobre o envio de materiais para a comunicação diocesana, reforçando a importância da organização e colaboração nesse processo.
PADRE MARINALDO REFLETE SOBRE O JUBILEU DE ESPERANÇA E A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO COMUNITÁRIA
Em um segundo momento da tarde, Padre Marinaldo apresentou aos participantes a relevância do Jubileu de Esperança e a preparação que já está em andamento. Ele iniciou ressaltando que, embora alguns aspectos da organização dependam diretamente do pároco, a participação ativa dos leigos é essencial para o sucesso das atividades pastorais.
“Tem muita coisa que não depende do padre, mas de vocês”, afirmou, enfatizando a importância do trabalho conjunto. Padre Marinaldo explicou que o Jubileu de Esperança é proclamado a cada 25 anos, oferecendo à Igreja e aos fiéis um “tempo privilegiado” para a renovação espiritual e a reconciliação. Ele chamou a atenção para o conceito de “paragem”, um momento de pausa e reflexão, essencial para compreender o sentido mais profundo do Jubileu. Segundo ele, essa paragem nos permite olhar para o passado, fazer memória e fortalecer nossas relações com Deus, com as pessoas e com o mundo.
“O Jubileu é uma oportunidade para o ser humano recuperar sua comunhão com Deus e refletir sobre suas relações, tanto espirituais quanto comunitárias”, disse. Ele destacou que o Jubileu não é apenas um evento isolado, mas parte de um processo contínuo de ritualização do tempo, onde celebramos marcos importantes da vida e da fé.
Em sua explicação, sublinhou que a centralidade do Jubileu de Esperança está em Jesus Cristo, cuja encarnação é o fundamento da fé cristã. “Porque temos fé em Jesus Cristo, somos pessoas de esperança”, acrescentou. O Jubileu, portanto, deve ser entendido como um momento de conversão e de renovação da esperança, com a centralidade da fé em Cristo.
Além disso, Padre Marinaldo lembrou que o Jubileu traz consigo a possibilidade das indulgências, que, neste contexto, não se limitam apenas às peregrinações físicas, mas envolvem também uma peregrinação existencial e o exercício de obras de misericórdia. Ele encorajou a comunidade a se engajar em visitas a doentes, presos e em outras obras de caridade, como forma de viver plenamente o tempo jubilar.
Ele reforçou que o Jubileu de Esperança, especialmente em tempos desafiadores, é uma oportunidade para reaquecer o coração e fortalecer a fé e a esperança. “Nós vivemos tempos difíceis, mas temos uma esperança segura em Cristo”, concluiu, convidando todos a participarem ativamente das preparações para o próximo ano.
Pe. Marinaldo destacou que, ao contrário de outros jubileus, neste Jubileu da Esperança, as dioceses não terão a tradicional Porta Santa. Somente o Papa abrirá a Porta Santa, primeiro na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 24 de dezembro de 2024, e em São João de Latrão no dia 29 do mesmo mês. Nas dioceses, como alternativa, serão estabelecidos locais de referência para a celebração do jubileu, sendo as catedrais os pontos centrais. Em Colatina, por exemplo, a abertura solene ocorrerá na catedral diocesana em 29 de dezembro de 2024, conforme as diretrizes oficiais.
Além das celebrações litúrgicas, Pe. Marinaldo explicou que um documento recente foi preparado para orientar os fiéis sobre o jubileu e as indulgências plenárias. Este material está sendo traduzido e adaptado para ser divulgado nas redes sociais e em formato físico, como folders explicativos. O padre também destacou que a data de 29 de dezembro foi definida pelo Papa como o dia em que todas as catedrais celebrarão a abertura do Ano Jubilar, segundo um ritual que já está em processo de preparação.
Outro ponto relevante mencionado pelo Pe. Marinaldo foi a celebração da abertura do jubileu na Diocese de Colatina, que contará com uma caminhada penitencial partindo da comunidade matriz de São Silvano até a catedral. Durante essa caminhada, a cruz, símbolo central do jubileu, será conduzida pelos fiéis e permanecerá ao lado do altar da catedral durante todo o ano de 2025. Esse gesto reflete o espírito de reconciliação que marca o jubileu, com um forte convite à reflexão e vivência comunitária.
Por fim, o padre ressaltou a importância de celebrar o jubileu dentro das realidades locais, sem necessariamente se limitar a grandes peregrinações. Ele enfatizou que o jubileu deve ser uma oportunidade para a comunidade viver a reconciliação e a esperança, especialmente com grupos vulneráveis, como os doentes, os idosos e os encarcerados. A programação diocesana também incluirá eventos especiais, como o Jubileu Missionário, a ser realizado em outubro de 2025, em Ibiraçu, celebrando os 125 anos da Paróquia São Marcos.
ESPIRITUALIDADE E AUTO ESTIMA
No segundo dia do encontro (4/10), Luciene Cavalheri Hermano marcou presença e durante a manhã, abordou o tema da identidade humana e espiritual, incentivando os participantes a refletirem profundamente sobre quem são. Luciene destacou a importância de se conhecer para evitar que as opiniões dos outros afetem a autoestima e o equilíbrio emocional.
Em seu discurso, ela ressaltou que muitos problemas emocionais surgem porque as pessoas estão focadas apenas na identidade humana, esquecendo-se da identidade espiritual, que, segundo ela, deveria ser a base para enfrentar as dificuldades da vida. “Quem nos capacita não é o outro, é Deus”, afirmou, convidando todos a reconhecerem essa verdade em suas vidas.
Além de falar sobre a dimensão espiritual, Luciene apontou a necessidade de cuidar do corpo, mente e emoções. Ela incentivou a prática de atividade física como parte do cuidado integral com o ser humano, desafiando as desculpas comuns que as pessoas apresentam para não se exercitarem. “Se temos tempo para passar horas no celular, também temos tempo para cuidar do corpo”, enfatizou, mencionando como a vida moderna, especialmente nas redes sociais, muitas vezes contribui para o desequilíbrio emocional.
Ela também alertou sobre os perigos das aparências, destacando que muitas pessoas vivem vidas de fachada, tanto nas redes sociais quanto em suas relações pessoais e até dentro das igrejas. Sua mensagem foi clara: é necessário um olhar profundo para si mesmo, cuidando não apenas da identidade humana, mas, principalmente, da espiritual. Ao final, os participantes saíram com a provocação de que o autoconhecimento é essencial para uma vida equilibrada e realizada, tanto no plano físico quanto no espiritual.
PSICÓLOGA SAMARA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO AUTOCUIDADO E DAS RELAÇÕES HUMANAS
Já a psicóloga Samara, apresentou questões sobre o autocuidado e as dificuldades nas relações humanas, enfatizando a importância de nos voltarmos para nós mesmos, mesmo em meio às demandas diárias da vida.
Samara iniciou destacando a importância de um momento de pausa e reflexão. “É uma alegria ter essa oportunidade de nos desligarmos do mundo lá fora e nos conectarmos com nossa própria história, nossos sentimentos”, afirmou, convidando o público a se dedicar a esse espaço de autoconhecimento.
Ela enfatizou o quanto é essencial cuidar da própria saúde mental e física para poder cuidar dos outros. “Estamos sempre nos dedicando ao outro, mas precisamos estar bem para continuar oferecendo esse cuidado. E o maior desafio, muitas vezes, está nos relacionamentos”, disse, apontando que lidar com outras pessoas é uma das tarefas mais difíceis, mesmo com aqueles que amamos.
Para ilustrar a complexidade das relações, Samara comentou sobre os desafios de convivência, inclusive no casamento. “Se já é difícil se relacionar com quem escolhemos e amamos, imagine com aqueles com quem não escolhemos conviver, como no ambiente de trabalho”, pontuou. Ela trouxe à reflexão o quanto é importante ter empatia e paciência no trato diário com o outro, mesmo em situações de estresse e desconforto.
Ao longo de sua fala, Samara convidou o público a refletir sobre o que esperamos dos outros em nossos relacionamentos e o que, de fato, estamos oferecendo. “Todos nós queremos ser tratados com respeito, acolhimento, honestidade e empatia, mas será que estamos oferecendo isso?”, questionou, provocando uma análise pessoal.
Ela também abordou o papel da empatia, ressaltando que se colocar no lugar do outro vai além de apenas imaginar sua situação. “Empatia é se colocar no lugar do outro com respeito, sem julgamentos. Precisamos parar de minimizar a dor alheia”, afirmou.
Por fim, Samara trouxe a reflexão sobre a reciprocidade, chamando a atenção para o fato de que o tratamento que damos aos outros deve ser independente do comportamento que recebemos em troca. “Devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, mesmo quando a situação não é favorável”, concluiu, reforçando a importância de cultivar a paz e o equilíbrio interior como bases para relações saudáveis.
O Encontro dos Secretários e Secretarias das Paróquias da Diocese de Colatina, encerrado no dia 4 de outubro, proporcionou uma rica experiência de partilha, espiritualidade e capacitação para os presentes. Ao longo dos dois dias, os participantes saíram renovados em sua missão, prontos para aplicar as reflexões e ensinamentos em suas respectivas paróquias, fortalecendo o trabalho de evangelização e comunhão em toda a diocese.
Frei Augusto Luiz Gabriel