Coqueiral (ES) – No dia 9 de agosto, em meio à rica cultura e tradições da Aldeia Pau Brasil, localizada em Coqueiral, foi celebrada uma missa especial em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem como objetivo promover o respeito aos direitos humanos, à autodeterminação e às condições de vida e cultura dos povos indígenas em todo o mundo.
A Celebração Eucarística foi presidida por Dom Lauro Sergio Versiani Barbosa, Bispo de Colatina, que destacou a importância da fraternidade e da solidariedade entre todos os povos. Concelebraram os Padres Suderlan Tozo Binda, Coordenador Diocesano da Pastoral Indigenista, e Roberto Marcelino de Oliveira, representante dos presbíteros da Diocese de Colatina.
Em sua homilia, o bispo ressaltou a unidade da criação divina, lembrando que Deus criou todos à Sua imagem e semelhança, chamando-nos a viver em harmonia e cuidado mútuo. Ele também mencionou a importância de aprender com os povos indígenas, que nos ensinam a viver em sintonia com a natureza, especialmente em tempos de crise ecológica global.
Segundo Dom Lauro, a reflexão do Evangelho de “renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir Jesus” nos convida a entender a verdadeira felicidade não como a busca por poder, riqueza ou prazer, mas sim de doação, serviço aos irmãos e na aceitação do caminho da cruz como uma forma de encontrar a vida plena.
“Todas as criaturas de Deus são nossos irmãos e irmãs. Irmã Sol, Irmã Lua, Irmã Água, e até a morte corporal, no final do cântico de São Francisco de Assis, é chamada de Irmã Morte, que nos abre as portas da eternidade. No próximo ano, a Campanha da Fraternidade abordará exatamente essa temática ambiental, inspirada em São Francisco de Assis. O cartaz já foi aprovado e traz a figura de São Francisco. Este ano, tivemos a Campanha da Fraternidade com o tema da Amizade Social, outra Encíclica do Papa Francisco, que fala dessa fraternidade universal, fraternidade inspirada também em São Francisco de Assis”, refletiu.
“Somos todos irmãos e irmãs, a humanidade inteira. E Deus confiou a nós o cuidado com a criação d’Ele. As plantas, os animais, a água, tudo isso não pode ser transformado simplesmente em mercadoria. A criação de Deus, especialmente os povos originários, nos ensinam isso. Eles não veem a água, por exemplo, como uma simples mercadoria, enquanto muitas pessoas, com uma visão materialista, já a enxergam como um recurso a ser explorado. Os povos originários nos ensinam a ver na criação de Deus a presença do amor de Deus, da sua ternura, do seu cuidado. O respeito pela planta, pela água, isso não está restrito apenas aos povos originários daqui da nossa região ou de outros lugares, mas faz parte do patrimônio bíblico”, ressaltou.
“Devemos aprender com Jesus, com o seu Evangelho, que a verdadeira felicidade só é alcançada quando amamos, e amar é ser feliz. Só somos verdadeiramente felizes quando fazemos os outros felizes”, ensinou.
Refletindo sobre a leitura do profeta Naum, Dom Lauro sublinhou que a história ensina que nenhum poder humano é eterno. “Devemos sempre lembrar que somos todos irmãos e irmãs, chamados a viver em harmonia com a criação e uns com os outros”, frisou.
Dom Lauro prosseguiu refletindo sobre a importância da memória e da identidade dos povos originários. “Hoje celebramos o Dia Internacional dos Povos Indígenas, uma data criada para reconhecer e valorizar as culturas e tradições desses povos, que são fundamentais para a diversidade cultural e para a preservação dos saberes ancestrais. É uma oportunidade para refletirmos sobre os desafios que enfrentam e reafirmarmos nosso compromisso com a justiça e a igualdade”, disse.
“Os povos indígenas possuem uma visão de mundo que valoriza a harmonia com a natureza e a importância da comunidade. Eles nos ensinam a respeitar a terra e a entender que tudo está interconectado. Devemos aprender com eles sobre o verdadeiro valor das coisas e como vivermos em harmonia com a criação”, acrescentou.
“A nossa celebração hoje é um momento de gratidão e reconhecimento. Agradecemos a presença dos líderes indígenas e a contribuição de cada um para a preservação da cultura e dos direitos dos povos originários. Saúdo, em nome de todos, o Jonas e o Valdeir, que simbolizam a presença de tantos outros líderes e membros das comunidades indígenas. Agradecemos também a todos que se uniram a nós nesta celebração e reforçamos a importância de continuar trabalhando juntos na construção de um mundo mais justo e solidário. Que possamos, a partir de hoje, nos comprometer ainda mais com a causa indígena, promovendo a justiça, a dignidade e o respeito por todos os povos. Que a nossa fé e a nossa ação estejam sempre alinhadas com os valores de fraternidade e amor que Jesus nos ensinou”, concluiu.
Frei Augusto Luiz Gabriel, com informações de Pe. Marcelino de Oliveira