Colatina (ES) – O bispo diocesano de Colatina, Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, presidiu a Missa de Ação de Graças pelo Jubileu de 25 anos de vida consagrada de Irmã Nelma Vertuoso, do Instituto das Filhas de Maria Imaculada, e que desde 2008 trabalha Centro de Atendimento Materno Infantil Mater Christi, uma instituição de acolhimento que oferece serviços continuados a crianças e adolescentes grávidas ou com filhos dos municípios de Colatina e Marilândia.
A Eucaristia foi celebrada, às 19h30, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha, que fica no bairro Honório Fraga, em Colatina. Dom Lauro saudou os sacerdotes, a comunidade, a irmã jubilanda acompanhada da representante da Madre Geral, a conselheira Ir. Delice Machado Rodrigues, e a delegada regional, Ir. Elvira de Souza, as demais famílias religiosas, como os Irmãos Maristas, presentes na celebração. Dom Lauro disse que estava feliz “porque nossa Diocese é abençoada com várias Famílias Religiosas”. Segundo ele, são 13 famílias femininas na Diocese.
Dom Lauro presenteou Ir. Nelma com uma belíssima reflexão sobre vocação e vida religiosa. “A vida consagrada é um dom de Deus para a Igreja, é um presente para a Igreja. As religiosas, os religiosos, como também os padres, não são funcionários. A Igreja não é uma empresa. Mas são consagrados. Significa que dão ao mundo um testemunho profético. A vida religiosa é um testemunho profético daquilo que realmente vale a pena na vida, daquilo que é a meta da nossa existência, daquilo que nós chamamos, a partir de Jesus, de reino de Deus”, destacou o bispo.
Segundo D. Lauro, a vida consagrada, masculina e feminina, é um sinal do Reino definitivo, por isso que abraçam os conselhos evangélicos que foram mencionados no comentário inicial: pobreza, mostrando desprendimento, a liberdade, o não apego aos bens materiais, mas tudo a serviço ao Reino, da missão; a castidade por amor ao Reino de Deus, a castidade consagrada que dá ao consagrado um vínculo todo especial com a pessoa de Jesus Cristo, mostrando que a Igreja, o corpo de Deus, é a esposa de Jesus Cristo. “A vida consagrada é profética porque ela chama atenção para esse aspecto esponsal da vida da Igreja. No Antigo Testamento vemos um Deus que faz aliança com seu povo: ‘Eu serei o vosso Deus, vós sereis o meu povo'”, lembrou, citando que no Antigo Testamento há várias imagens do relacionamento de Deus com o povo, comparando já com núpcias, como o exemplo do profeta Oséias. E Deus mantém a aliança com seu povo.
“Então, a vida religiosa é sinal desta nova aliança, selada no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso que se usa muitas vezes essa imagem de esponsal, esposa de Cristo. A castidade por amor ao Reino dos Céus, o vínculo com a pessoa de Jesus Cristo”, explicou. Depois falou do terceiro conselho evangélico: a obediência relacionada com audiência. “Obedecer é dar audiência: ouvir, escutar, acolher. A pobreza e a castidade existem em vista da audiência, de acolher na própria vida a vontade de Deus”, acrescentou.
Para ele, os conselhos evangélicos são um auxílio precioso para a vivência daquela única vocação, que todo o ser humano tem, que é a vocação para amar: “Nós fomos criados por amor, por Aquele que é amor, e nós fomos criados para amar. Não existe outra vocação. A única vocação que nos une a todos é a vocação para amar. Amar não é uma mera declaração, mas amar no amor que se traduz em serviço. Jesus nos mostrou isso, por exemplo com a cena do lava-pés”.
E enfatizou: Os conselhos evangélicos nos ajudam a viver o amor de forma concreta. “Por isso que a vida religiosa, ao professar e testemunhar esses conselhos, ela é profética. Ela anuncia aquilo que nos aguarda e, usando outra expressão, ela tem sentido escatológico, ou seja, daquilo que é definitivo. Então, já na história nós temos um testemunho do definitivo. Não é para depois da morte. Religiosos e religiosas vivendo a sua vocação e a sua missão, estão testemunhando a única coisa que vai permanecer. É assim que São Paulo fala na primeira Carta aos Coríntios, no capítulo 13, aquele belíssimo hino sobre o amor. Tudo vai passar, a única coisa que permanece é o amor”, disse. Ele lembrou que mesmo as virtudes teologais, como a fé e a esperança, que são importantes, também passam, porque o dia em que contemplarmos face a face Deus, não precisaremos mais de fé, não mais de esperança, pois já estaremos na posse do amor, daquele que nos criou por amor e para amar.
“E essa reflexão não tem nada de abstrata, é concreta. Olhando para a vida da Ir. Nelma, ela que nasceu em Rio Bananal, de uma família de fé numa comunidade, vai se sentir atraída por esse carisma que o Espírito Santo suscitou na vida da Igreja e vai ingressar nesta Família religiosa. E tem feito tanto bem aqui em nosso meio, na Diocese de Colatina. E sua entrada solene se dá no dia 1º de agosto de 1999. Estamos, portanto, celebrando 25 anos desta caminhada, exatamente hoje. Há uma história de amor aí. Ela se encantou. Mas ela só se encantou porque ela foi amada primeiro. “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que vosso fruto permaneça…” (Jo 15,16), contou.
Segundo o bispo, em cada vida consagrada existe uma história de amor, existe um chamado do Senhor, um carinho não só pela pessoa, mas por todo o povo, para que essa pessoa faça irradiar na história, no mundo, no meio do povo eleito de Deus, a bondade de Deus, o seu amor misericordioso. “A Ir. Nelma se sentiu cativada, atraída, por isso ingressou na vida religiosa. 25 anos agora nós queremos agradecer, ajudar a Ir. Nelma agradecer”, exortou.
Comentando brevemente as leituras proclamadas, lembrou que são leituras do dia, e elas se encaixaram muito bem na celebração.
Sobre a primeira leitura tirada de Jeremias, destacou o primeiro aspecto, observando que é muito consolador para aqueles que querem seguir Jesus Cristo. “Deus fala através do profeta Jeremias: assim como o oleiro trabalha com o barro para produzir aquele jarro e quando o jarro está ficando velho, ele refaz. Com 25 anos de vida consagrada, Deus está modelando, para que fique cada vez mais consagrada, mais de Deus. Isso é consolador porque ninguém desanima. Importa da nossa parte ter essa docilidade. Todos nós, mesmo os mais idosos, Deus está nos modelando”, ensinou.
Um outro aspecto que abordou é sobre o seu trabalho. “Quero chamar a atenção para esses dois aspectos: esse modelar para cada um de nós e o trabalho que fazemos. Um trabalho muito bonito que a Ir. Nelma desempenha no Instituto Mater Christi, com essas crianças, com tantas vidas machucadas. E aqui Deus está modelando também, através das suas mãos, do seu carinho, do seu amor, do seu cuidado com essas crianças. Então, você está fazendo um trabalho de Deus. Esse modelar as crianças, cuidar, esse acolher, esse caminhar, faz parte do trabalho de Deus. Que coisa bonita a gente ser mão de Deus! Que coisa bonita a gente ser pés de Deus! Que coisa bonita: nós podemos ser o abraço de Deus! Amor que levanta, que ergue, que sustenta. A palavra que estimula, que consola, que perdoa, que proclamam o amor misericordioso de Deus nos gestos, nas atitudes, no compromisso”, refletiu o bispo.
“Então, é muito importante essa obra que Deus está fazendo em nós. Deus não precisa tanto dos nossos serviços. O que ele pede a um consagrado? Não é que ela seja um tarefeiro, e que faça coisas boas, mas que seu coração seja de Deus. Deus não nos pede coisas, ele pede o nosso coração. Quem a Deus não deu tudo numa consagração, não deu nada. Ou a consagração é total, ou não é consagração”, exortou.

Jubilanda Irmã Nelma Vertuoso
Por fim, o Evangelho. “Ninguém mais falou como Jesus através das parábolas. A parábola nos faz pensar. A parábola faz a gente refletir e nos coloca em ação. Muitas vezes a gente prega o Evangelho, mas não compreendeu ainda. É uma tarefa para a vida toda. A vida religiosa e consagrada são vidas dinâmicas. Nós sempre estamos aprendendo. Nós sempre somos discípulos de Deus, sempre estamos a caminho, somos peregrinos da esperança”, completou.
“Que Deus continue, Ir. Nelma, abençoando sua vida de consagração, não só os seus trabalhos, as suas tarefas, mas sobretudo essa experiência de ser amada, que funda a sua experiência para amar, para cuidar dessas crianças e de tantos outros trabalhos na sua vida de consagrada. Obrigado Ir. Nelma por seu testemunho, por sua vida!”, desejou Dom Lauro.
Nos agradecimentos, Ir. Nelma recebeu as homenagens da sua comunidade. Ela foi grata com todos que participaram e participam de sua vida. Desde 2008 tem sua missão no Mater Christi de Colatina. “Eu vivo aqui a minha experiência de vida consagrada muito feliz, realizada, sinto Deus presente a cada dia na minha vida, na vida de todas as pessoas que estão comigo ali, principalmente das crianças que chegam para serem restauradas. Deus se mostra presente e nos ajuda”, lembrou.
“Eu não faço o trabalho sozinha, por isso agradeço a equipe que está comigo ali”, destacou, agradecendo carinhosamente Dom Lauro por presidir a celebração.
Frei Augusto Luiz Gabriel,
Coordenador do Setor de Comunicação