Há milhares de casais que não têm filhos e os desejam e, por outro lado, crianças que não têm família e aguardam pela tão sonhada adoção. Na sexta-feira (24/05), a assistente social Ana Paula Fonseca Costa Badianni concedeu entrevista à Rádio Web Diocese de Colatina para dar explicações sobre o assunto. Ela atua desde 2009 exclusivamente na Cáritas Diocesana de Colatina e também no Mater Christi, há 12 anos. A profissional afirma que “não encaro isso como um trabalho e sim uma missão de vida, um propósito, enfim, uma vocação”.
PRIMEIROS PASSOS
Ana Paula orienta as pessoas que querem adotar uma criança a procurar, inicialmente, a Vara da Infância e Juventude de sua comarca, ou, em cidades menores, o Fórum, onde receberá uma série de exigências legais e jurídicas. É iniciado um processo de habilitação, envolvendo um estudo psicossocial e um rápido curso de dois dias, quando é feita toda a explanação sobre a adoção. Geralmente, um casal que já adotou uma criança dá seu depoimento, a fim de tornar mais realista essa experiência de vida tão importante.
O QUE ACONTECE DEPOIS?
Após o juiz homologar o pedido de adoção, o nome do (a) pretendente é incluído no sistema nacional de adoção e escolhe o perfil da criança que deseja adotar, seja pela idade, sexo, cor e outros fatores determinantes. Ana Paula explica que há uma procura maior por crianças de pouca idade, porém, a realidade dos abrigos no Brasil é bem diferente: há uma lista de 34 mil pessoas querendo adotar uma criança, enquanto apenas 5 mil estão disponíveis, justamente porque não estão no perfil mais desejado.

SENSIBILIDADE
A assistente social sugere que os casais interessados visitem os abrigos para conhecer de perto a realidade dessas crianças, o que pode alterar suas escolhas a partir de um olhar mais sensível. Essas visitas são previamente agendadas e monitoradas, no sentido de que seja evitada ansiedade e expectativa de ambos os lados. Ana Paula também explica que as crianças acolhidas nas instituições sociais passaram por situações graves. Com toda sinceridade, ela diz: “ali não tem história bonita, quem está no Mater Christi enfrentou problemas extremos, como violência doméstica, abuso sexual, pais usuários de drogas ou que não cumpriram seu papel de dar segurança, educação e carinho”. De qualquer modo, a assistente social observa que muitas crianças chegam com uma sensação de alívio, ou seja, terem saído de uma situação desgastante e passando a morar num ambiente acolhedor, seguro, de paz e cercado de todos os cuidados.


PRAZO E LEI
Segundo informou Ana Paula, a legislação brasileira prevê que uma criança não pode ficar mais de um ano e meio nas instituições de acolhimento. “Há um trabalho conjunto, envolvendo o Poder Judiciário e a Assistência Social. Tentamos cumprir essas exigências com agilidade, lembrando ainda que, quando uma criança está para adoção, contactamos primeiramente os familiares mais próximos, como tios ou avós”, acrescentou a profissional. Concluindo, ela afirma que é motivo de satisfação ouvir de um casal “simplesmente, queremos ter um filho”, independentemente da situação que gerou essa busca.
Texto: Eduardo Monteiro

