Os agentes da Pastoral Universitária da Diocese de Colatina se reuniram, no último dia 8 de abril, na Faculdade Castelo Branco, em Colatina, para iniciar suas atividades pastorais do ano de 2017.
O encontro contou com a presença de vários agentes vindos das seguintes instituições de ensino superior: Escola São Francisco de Assis (Esfa), de Santa Teresa; Universidade do Norte do Paraná (Unopar) – Polo Colatina; e Faculdade Castelo Branco (FCB), de Colatina.
O tema deste primeiro encontro da Pastoral Universitária foi “Universitários conectados com os Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida”, em sintonia com o tema proposto pela Campanha da Fraternidade deste ano.
A reflexão foi coordenada pelo assessor de Pastoral da Esfa, Marilson Simões, que também é membro da Equipe Articuladora da Pastoral Universitária Diocesana. Reunidos em grupos, os agentes discutiram os seguintes temas: Educar para preservar o nosso bioma; Fraternidade e biomas do Brasil; Ecologia cultural é responsabilidade de todos; Populações tradicionais, cultura e defesa da vida; Caminhos para uma conversão ecológica; Povos originais e a cultura de cada bioma; e Belezas, fragilidades e desafios dos biomas brasileiros.
O grupo analisou também a programação diocesana para o ano de 2017, destacando a realização do 7º Encontro Diocesano da Pastoral Universitária, que acontecerá nos dias 5 e 6 de agosto, em Ibiraçu, com o tema “Presença Cristã na Universidade, Pluralidade, Identidade e Diálogo”. A realização do 4º Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (Ebruc) também foi mencionado e está marcado para acontecer de 7 a 10 de setembro, em Manaus (AM).
Texto em destaque
Por ocasião deste encontro, um grupo de universitários presentes não apenas discutiu a questão dos biomas brasileiros, conforme propõe a Campanha da Fraternidade, como escreveu um texto cheio de informações a respeito.
O texto foi escrito por Eduarda Comper Fadini, que cursa o 1º período de Direito, com a colaboração de Silvany Salvador, 1º Período de Pedagogia, Antônio de Assis, Gabrielli Portugal, Natália Ayris e Samara Lemos, todos cursando o 1º Período de Direito na Faculdade Castelo Branco e membros da Pastoral Universitária.
Compartilhamos, a seguir, a íntegra desta produção literária.
Uma beleza sucumbida pela ganância
A Campanha da Fraternidade 2017 que possui como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” desperta em nós o desejo de sabermos mais sobre as belezas do nosso país que, infelizmente, estão cada vez mais ameaçadas.
Ao fazermos uma pesquisa breve podemos adentrar cada uma das histórias dos nossos biomas e a triste situação em que os mesmos se encontram. A Amazônia é quase mítica: um verde e vasto mundo de águas e florestas, onde as copas de árvores imensas escondem o úmido nascimento, reprodução e morte de mais de um-terço das espécies que vivem sobre a Terra. Os números são igualmente monumentais. A Amazônia é o maior bioma do Brasil: num território de 4.196.943 milhões de km2 (IBGE,2004), crescem 2.500 espécies de árvores (ou um-terço de toda a madeira tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América do Sul). Um dos principais problemas enfrentados por esse bioma é o desmatamento ilegal e predatório. Madeireiras instalam-se na região para cortar e vender troncos de árvores nobres. Há também fazendeiros que provocam queimadas na floresta para ampliação de áreas de cultivo (principalmente de soja).
A caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Em seu conjunto, a região semiárida está inserida num contexto onde a ação antrópica tem contribuído para o avanço sobre remanescentes florestais que, em determinados casos, é substituído ou seletivamente explorado, causando uma degeneração da composição das matas nativas da região.
Considerado como um hotspot mundial de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que na Mata Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil), incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Essa riqueza é maior que a de alguns continentes (17.000 espécies na América do Norte e 12.500 na Europa) e por isso a região da Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial. A destruição da Mata Atlântica começou no início da colonização europeia, com a extração do pau-brasil e continua até os dias atuais, principalmente pela pressão urbana. Atualmente este ecossistema está reduzido a menos de 7% de sua extensão original. Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares, ou talvez milhões, de espécies não puderam ser conhecidas.
Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência. Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas, são mais de 450 espécies. Nos Pampas, a agropecuária tem bastante força, o que vem provocando problemas ambientais, como a erosão do solo.
Estudos indicam que o Pantanal abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e algumas apresentam vigoroso potencial medicinal. Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes do bioma.
Talvez esses dados não nos causem tanto impacto, pois em nossa pequinês humana “precisamos” sentir na pele os efeitos da nossa ganância. Toda forma de degradação ambiental, direta ou indiretamente está relacionada à busca por dinheiro. Nós, capixabas, Colatinenses em especial, tivemos de provar o gosto amargo do desastre ambiental do nosso precioso Rio Doce para nos atentarmos ao quanto somos mesquinhos e ingratos diante da grandiosidade da natureza que nosso Deus nos concedeu.
Todos os dias esgotos são lançados nos rios, agrotóxicos nas nascentes, lixos nas ruas e temos a ousadia de dizer que não merecemos as enchentes, as estiagens, o ar poluído, etc. Não nos preocupamos em colocar o lixo para fora no horário da coleta e queremos nos queixar das ruas que estão fétidas? Cortamos as árvores e reclamamos do calor, retiramos a vegetação e choramos pelas vidas que se perdem nos deslizamentos de terra.
O maior erro do homem é esquecer que se a natureza morrer também morreremos. É como diz a música O Último Julgamento: “Meu pai te deu inteligência para salvar vidas você não salvou. Em vez de curar os enfermos armas nucleares você fabricou. Usando sua capacidade você destruiu você se condenou, a sua ganância foi tanta que a você mesmo você exterminou. (…) Foi você quem causou essa guerra, destruiu a terra dos seus ancestrais, você é chamado de homem, mas é o pior dos animais.”
Mas, para a nossa salvação, as comunidades de índios e quilombolas que quase foram exterminadas no início da história do Brasil, são as mesmos que hoje lutam pela preservação do pouco que nós ainda não destruímos.