No último domingo (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, foi realizado, em Resplendor (MG), a 1ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. O encontro contou com a participação de mais de 4 mil pessoas, vindas das dioceses que cortam a bacia do rio Doce (Mariana, Itabira/Coronel Fabriciano, Caratinga, Governador Valadares e Colatina). Sete ônibus partiram da Diocese de Colatina para esse encontro.
O grupo saiu de Patronato e seguiu em uma caminhada de quatro quilômetros até o Parque de Exposições de Resplendor. No local, foi celebrada a Santa Missa. Com o tema “Bacia do Rio Doce, Nossa Casa Comum” e o lema “Corresponsabilidade de Todos Frente à Vida Ameaçada”, o evento debateu formas para superar a difícil situação da bacia do rio Doce, que foi fulminado por um mar de lama com rejeitos de minério, após o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, em novembro de 2015.
Dezenove cruzes foram levadas para fazer memória das pessoas que perderam suas vidas na tragédia. E uma cruz de 8 metros foi fincada às margens do rio Doce, representando a morte do rio e a vida de tantas pessoas que dele tiravam seu sustento. Como gesto concreto, cada participante ganhou uma muda de árvore e assumiu o compromisso de plantá-la em prol do meio ambiente e do cuidado com a “casa comum”.
O secretário de Pastoral da Diocese de Colatina, Ledesmar José Walger, participou da romaria e, emocionado com o que viveu, escreveu o poema a seguir.
A morte do Rio Doce
Escuta este lamento à Mãe de Deus, derrama sua benção aos Filhos Teus.
O que mal respirava, morreu. Com a lama da Samarco.
Nosso Rio ficou triste, nada existe de bonito, ficou chato
Nas veias do nosso rio corre mercúrio e chumbo
E, em nosso peito, tristeza e um amargo profundo.
Nosso Rio está doente, sua água está torrente
Já não mata mais sede, nem a fome de nossa gente
Os peixes envenenados que de graça ninguém quer
E os ribeirinhos não sustentam nem o filho e a mulher
Olho pro rio enlameado, não consigo ver o fundo
Já não sei onde encontrar a justiça deste mundo.
Engana o povo com trocados, deixando-os amargurados.
Destruindo sua vida, seu presente e seu passado.
Deus viu que tudo era bom, sua grande criação
A terra encheu de flores, matas e água sem poluição
Para o homem deu essa terra, essa grande nação
Mas se matarmos a criação, que toda vida nos dá
Afirma o Papa Francisco que a criação nos matará.
Ledesmar José Walger