“Que alegria quando me disseram: vamos a casa do Senhor”. Esta mesma alegria do salmista toma conta de romeiros e romeiras que chegam a cada dia a esta casa da Mãe do Senhor e nossa Mãe: a Virgem Aparecida. É também a alegria que invade o coração dos romeiros e romeiras da Diocese de Colatina, no Estado do Espírito Santo, e que hoje estão aqui, em grupo numeroso, para CONTEMPLAR, CELEBRAR E REENCANTAR. Três palavras que desejam enfeixar os sentimentos de gratidão a Deus pelos 25 anos de história de nossa Igreja Particular. Jubileu de Prata. É uma história ainda pequena mas que já configura um rosto da Igreja que sonhamos: “fortalecida na fé, samaritana e dinâmica em sua missionariedade, para dentro e para fora, com lideranças renovadas”. (Projeto Diocesano de Evangelização)
Para quantos nos acompanham pela TV Aparecida e rádios é bom oferecer, em algumas breves pinceladas, o retrato de quem somos e de onde viemos. A Diocese de Colatina – que se torna conhecida pelo Brasil afora através dos serviços da Cordis Paramentos e objetos litúrgicos – está situada no centro norte do Estado do Espírito Santo. Modéstia à parte é um Estado bonito no nome, em seu povo e em sua natureza. Pequenino e escondido como é próprio do agir do Divino Espírito Santo encanta a todos por suas praias lindas, rochedos deslumbrantes, lagoas numerosas, ainda exuberante mata atlântica, petróleo, gás e granito e um povo bom e trabalhador onde se entrelaçam o dinamismo dos descobridores portugueses, a bravura dos povos indígenas que foram quase completamente dizimados, a coragem e o trabalho dos imigrantes italianos, alemães, polacos e outros, e o sofrimento injusto e a alegria sempre presente na raça negra. Um povo religioso e bom. Ligado a Deus em diversas denominações cristãs e religiosas e muito ligado a Maria, que, a partir do Convento da Penha, em Vila Velha e Vitória cuida carinhosamente de seu povo que a invoca com tantos títulos e, em nossa diocese a honramos como Nossa senhora da Saúde. Onde estão o Espírito Santo e Maria sempre exista novidade e alegria: “Eis que faço novas todas as coisas” diz o Espírito Santo. “Eles não tem mais vinho” intercede Maria. E tudo se transforma, reina a alegria. É esta a vocação de nosso pequenino Estado e de nossa Diocese: ser para o Brasil um sinal de esperança que parta de um povo iluminado pelo Divino Espírito Santo e guiado por Maria.
Neste Santuário Nacional, tão querido e sempre visitado pelos capixabas, viemos agradecer à nossa boa mãe Aparecida por nos ter acompanhado nestes 25 anos de construção de comunidades eclesiais que amam seu filho Jesus e se esforçam para ter a alegria de serem anunciadores do seu Evangelho. Contemplamos a misericórdia do Senhor, celebramos, agradecidos, sua presença amorosa e desejamos nos reencantar por esta paixão de anunciar a boa nova da salvação a partir dos mais pobres. CONTEMPLAR, CELEBRAR, REENCANTAR.
A palavra de Deus, hoje é proclamada através do livro do Eclesiastes e do Evangelista Lucas, vem a calhar como contraponto a uma sociedade que aposta na exploração do prazer cotidiano e tem medo do caminho de Jesus. Caminho este que passa pelo amor-doação até a morte de cruz. Diz-nos o autor sagrado: “Alegra-te, jovem, na tua adolescência e que o teu coração repouse no bem nos dias da tua juventude; segue as aspirações do teu coração e os desejos dos teus olhos. Fica sabendo, porém, que de tudo isso Deus te pedira contas. Tira a tristeza do teu coração e afasta a malícia do teu corpo, pois a adolescência e a juventude são vaidades. Lembra-te do teu Criador nos dias da juventude”. E Jesus, em Lucas, mostra aos discípulos que a cruz é seu caminho e que deve ser o nosso caminho: “Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. A busca da felicidade cotidiana – tantas vezes estimulada por uma cultura consumista – é válida mas é passageira, é vaidade. Só permanece a alegria de quem constrói sua vida sobre a rocha de Jesus e Maria.
Termino esta homilia com as palavras do Papa Francisco no último dia 15, em Roma: “Nós não somos órfãos, temos mães: a Mãe Maria. Mas também a Igreja é Mãe e também a Igreja é ungida Mãe quando faz o mesmo caminho de Jesus e Maria: o caminho da obediência, o caminho do sofrimento e quando tem aquela atitude de aprender continuamente o caminho do Senhor. Estas duas mulheres – Maria e a Igreja – levam em frente a esperança que é Cristo, dão-nos Cristo, geram Cristo em nós. Sem Maria não existiria Jesus: sem a Igreja, não podemos andar em frente.”
A Diocese de Colatina, que também é uma Igreja Mãe, (o nome Colatina é nome de uma mulher paulistana, esposa de um dos antigos governadores do Espírito Santo, Muniz Freire), quer neste ofertório colocar no coração de nossa Mãe Aparecida todos os sacerdotes, diáconos, seminaristas, vocacionados, religiosos e religiosas, ministros e ministras, catequistas, jovens e cada uma das paróquias que se fazem presentes nesta romaria procedentes dos municípios de: Colatina, Linhares, Rio Bananal, Sooretama, Aracruz, Ibiraçu, João Neiva, Santa Teresa, Laranja da Terra, Itarana, Itaguaçu, São Roque do Canaã, Baixo Guandu, São Domingos do Norte, Pancas, Governador Lindenberg e Novo Brasil, Marilândia e todo o povo santo de Deus de nossa diocese como também de todas as Igrejas particulares do Brasil. Vai minha saudação especial as monjas do Mosteiro Santíssima Trindade em Colatina que nos acompanham na oração e na alegria.
Que São Vicente de Paula, o santo dos pobres, que hoje celebramos, nos guie no caminho de nos tornarmos sempre mais uma “Igreja Samaritana a serviço da vida”. Nossa Senhora Aparecida e da Saúde, rogai por nós.