O violento terremoto que atingiu a região central da Itália no dia 24 de agosto deixou 3,5 mil pessoas desabrigadas. Uma missa em memória das 231 vítimas que morreram em Amatrice foi celebrada nesta terça-feira, dia 30 de agosto. Terços enviados pelo Papa Francisco foram entregues às famílias. No Angelus do último domingo, dia 28, o Papa expressou a intenção de visitar a região destruída na tragédia. “Assim que for possível, também eu espero ir vos encontrar, para levar a vocês pessoalmente o conforto da fé, o abraço do pai e irmão e o apoio da esperança cristã. Rezemos por estes irmãos e irmãs”, disse ele. O número de mortes devido à tragédia já chega a 292.
As pessoas que perderam suas casas estão instaladas em abrigos provisórios. O governo italiano declarou estado de emergência para as regiões de Abruzzo, Lazio, Marche e Umbria por um período de 180 dias. Recursos públicos estão sendo alocados em ações de primeiros-socorros, assistência e medidas de atendimento emergencial aos afetados. Neste momento, não há necessidade de doação de alimentos, medicamentos ou tendas. A Caritas Italiana repassou recursos iniciais da ordem de 200 mil euros para as Cáritas diocesanas de Rieti e Ascoli Piceno, visando prover as necessidades mais urgentes da população. A Igreja tem oferecido prédios para o acolhimento de pessoas deslocadas, aconselhamento e atendimento médico aos feridos, especialmente nas famílias em situação mais vulnerável.
As ações realizadas nas cidades atingidas pelo terremoto têm sido limitadas pelos riscos oferecidos à segurança e pela necessidade de bloqueio de áreas para a atuação das equipes especializadas de socorro. O trabalho desenvolvido pela Cáritas tem se orientado principalmente no apoio a estas equipes. Nesta perspectiva, a Cáritas vem distribuindo 1,2 mil refeições por dia, mesmo após a instalação de cozinhas de campanha para o atendimento do pessoal de resgate e das vítimas do desastre.
Além deste tipo de ajuda, a Cáritas também tem acompanhado a evolução da situação e das necessidades imediatas das pessoas afetadas pelo terremoto com um olhar para o médio e longo prazos. “Para reconstruir, devemos começar a partir do povo, a partir do tecido social das cidades e vilas originais”, avalia o diretor da Caritas Italiana, dom Francesco Soddu. Nesta fase, a contribuição mais prática de quem pretende auxiliar as vítimas se dá na arrecadação de fundos para custeio da fase seguinte de auxílio às vítimas, após a adoção das medidas emergenciais mais imediatas.
A Cáritas vem entrevistando as pessoas atingidas e os trabalhadores da própria rede para entender quais são as efetivas necessidades da população para os próximos meses, projetando também um programa de apoio às comunidades para o período seguinte de 5 a 7 anos. Portanto, as duas grandes linhas de atuação da Caritas Italiana em benefício das vítimas do terremoto envolvem a prestação de ajuda humanitária à população das regiões mais vulneráveis neste estágio inicial de assistência e o posterior atendimento na fase pós-emergência. Algumas diretrizes de ação para esta segunda fase incluem:
– Reconstrução das estruturas sociais: centros para atendimento aos grupos sociais mais vulneráveis (idosos, pessoas com deficiência e famílias em situação de vulnerabilidade social, com atenção especial às minorias), centros comunitários para trabalho sociopastoral e moradias para os mais necessitados;
– Atendimento às famílias: apoio psicológico e social destinado não só àqueles que permaneceram nas zonas atingidas pelo terremoto, mas também àquelas pessoas de outras regiões que estavam de passagem e que igualmente sofreram traumas ou outros abalos psíquicos e/ou que perderam familiares na tragédia;
– Criação de empregos: o terremoto destruiu a estrutura de várias pequenas empresas. Por isso, é necessário apoiar estas iniciativas, especialmente os pequenos negócios mantidos por jovens e famílias em situação de vulnerabilidade, para incentivar estas pessoas a permanecerem em suas comunidades de origem. Da mesma forma, deve ser apoiada a criação de cooperativas e empresas sociais que possam contribuir para o desenvolvimento socioeconômico local, constituindo-se em fonte de empregos;
– Assistência específica para os mais vulneráveis, por meio de ações de curto, médio e longo prazos (voltadas a pessoas com deficiência, idosos, etc).
Por Luciano Gallas / Assessoria Nacional de Comunicação da Cáritas Brasileira, com informações da Caritas Internationalis e da Rádio Vaticano