Emoção, alegria e encantamento. A Diocese de Colatina viveu um momento de festa sem igual no último sábado (12/12): a missa de ordenação episcopal de monsenhor Paulo Bosi Dal’Bó. Foi a primeira vez que um sacerdote da Diocese de Colatina tornou-se bispo. A quadra da Arca, em Aracruz, onde ocorreu a celebração, ficou tomada de fiéis vindos de todas as partes do Espírito Santo e de outros estados também. Eram padres, bispos, seminaristas, religiosos, religiosas, leigos e leigas unidos pela fé e pela certeza de que dom Paulo será um bom pastor para suas ovelhas.
Dom Paulo foi nomeado bispo da Diocese de São Mateus no dia 21 de outubro deste ano, pelo Papa Francisco. A missa de ordenação episcopal foi presidida pelo primeiro bispo de Colatina e atual arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha. Durante a homilia, dom Geraldo não escondeu a emoção ao lembrar que ele acompanhou de perto a caminhada de dom Paulo na Igreja, desde sua entrada no seminário, suas ordenações diaconal e presbiteral, até aquele momento. O bispo diocesano de Colatina, dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, e o bispo emérito, dom Décio Sossai Zandonade, foram os bispos consagrantes.
Estima-se que cerca de 5 mil pessoas tenham participado da celebração, além de outras milhares que acompanharam pelas ondas de várias rádios que transmitiram o momento ao vivo.
Clique aqui e confira mais fotos da galeria.
Posse e primeiras missas
No último domingo (13/12), dia seguinte à ordenação, dom Paulo presidiu sua primeira missa como bispo. A celebração foi na Catedral de Colatina, onde foi recebido com festa. As próximas missas serão nesta terça-feira (15/12), às 18 horas, no Mosteiro Santíssima Trindade, em Colatina; no sábado (19/12), às 19 horas, na igreja matriz de Itaguaçu; e no domingo (20/12), às 9h30, no ginásio de esportes de Rio Bananal. A posse de dom Paulo Bosi Dal’Bó na Diocese de São Mateus está marcada para acontecer no próximo dia 26 de dezembro, às 17 horas, na Catedral de São Mateus.
Mensagem de dom Paulo
A seguir, leia a íntegra da primeira mensagem de dom Paulo aos fiéis. O texto foi proferido por ele no final da missa de ordenação.
MENSAGEM DE DOM PAULO EM SUA ORDENAÇÃO EPISCOPAL
Aracruz, 12 de dezembro de 2015
Excelentíssimos e Reverendíssimos Arcebispos e Bispos (Dom Geraldo, Dom Wladimir, Dom Décio, Dom Luiz e demais arcebispos e bispos aqui presentes). Reverendíssimos e amados Presbíteros. Estimados Diáconos, Religiosos e Religiosas, Seminaristas e todo povo santo de Deus.
Neste dia, sincronizado de encanto e beleza, não somente para mim, mas para toda a Igreja, me pus a pensar: o que dizer? Ou deveria apenas contemplar? Por mais que eu tente externar alguns sentimentos que inundam o meu ser neste momento, seria talvez insignificante diante de todo o mistério que nos envolve.
Navegando em meus escritos, deparei-me com um singelo texto sobre a vida. E, olhando o contexto em que nos encontramos, em que o desrespeito à vida em todas as suas dimensões é muito latente, pensei que seria interessante partilhar uma parte deste texto:
– A vida é mais do que paixões e lazer. A vida é alegria, inspiração e brilho. É um misto de trabalho, cansaço e prazer.
– A vida consiste em lágrimas, sofrimentos e um grande esforço pra sobreviver.
– A vida é uma luta constante por liberdade. É um encontrar-se com suas emoções e sensibilidades.
– A vida é, ao mesmo tempo, um oásis de misericórdia, amor, ternura e encantamento, mas é também um sepulcro de ódio, tristeza, desrespeito, abandono, frustrações e isolamento.
– A vida é um inclinar-se sob uma força Maior, e ao mesmo tempo, um esforço para subir, voar e ser feliz.
– A vida é uma única viagem. Não sabemos como e aonde chegar. Por maior que seja o nosso ciclo vital enquanto aqui peregrinamos, ela pode ser apenas uma pequena partícula da vida que almejamos.
– A vida consiste em deixar-se modelar pelo nobre oleiro, criador dos artistas. Mas, ao mesmo tempo, é uma arte em que todos nós somos artistas. Que produção estampamos em nossa arte?
– A vida que um dia foi a mais bela canção do Deus criador, encontra-se, hoje, com suas cordas vocais ásperas e sufocadas pela poluição, corrupção, comodismo e incompetência de muitos que lhe provocam tamanha dor.
– Falo da vida humana com suas sensibilidades, fragilidades, perdas, clamores e emoções.
– Falo da vida da natureza com suas entranhas sangrando, gemendo em dores de parto, violentada pela inconsequência e irresponsabilidade de mentes perversas que não se importam em viver ou morrer. Por isso, abortam a vida com alto índice de poluição, abandono e explorações.
– Falo da vida do mundo com seus valores e incertezas, e também com o sepultamento da ética e a ditadura das corrupções.
– Onde e como estão os rios e nascentes (nosso querido Rio Doce e a maior catástrofe ambiental – Mariana, MG ), matas e florestas, flores e frutos, vida humana, política e sociedade?
– Hoje, mais do que nunca, precisa-se do poeta, do rei, do profeta, do cristão ou não cristão, do mestre, do discípulo, do aprendiz, da autoridade. Precisa-se de todos aqueles que olham, regam, cultivam e resgatam sua essência sem enfermidade.
– Pois, assim como o dia é um instante da vida, a vida, neste momento, é apenas um instante da eternidade. Ela precisa de todo o cuidado, amor, respeito, ressurreição, dignidade.
– É missão de todos nós, em nossos projetos e ações, preservá-la e lutar para que todos tenham vida e felicidade.
A partir deste dom mais precioso de Deus, a VIDA, coloco-me a serviço. Eis o meu lema: “VIM PARA SERVIR”. A vida é uma escola. Na escola da vida, aprendemos que o Bispo é tirado do meio do povo, para o povo. Como sucessor dos apóstolos, ele recebe, com a ordenação episcopal, a missão de santificar, ensinar e governar. Porém, o bom êxito do seu múnus apostólico depende da sintonia e parceria dos presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, leigos e leigas… enfim, todo o povo santo de Deus que busca trilhar o mesmo caminho, colocando em prática a linda canção que ressoa nos lábios de Jesus em tom maior: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.
Na escola da vida, aprendemos a olhar o outro e o mundo com o olhar de Deus. Sem preconceito, nem exclusão. Na escola da vida, compreendemos que a riqueza de nossa Igreja não está na igualdade e sim nas diferenças. Assim como a diversidade de elementos e cores dão forma e beleza ao universo, a diversidade de dons e carismas dão forma, beleza e vida à nossa Igreja. Se cada um de nós compreendêssemos que cada ser humano é único, singular, que é uma palavra de Deus que não se repete, repleto de dons e carismas, com certeza a possibilidade de acolher o outro com seus valores, limites e sonhos seria muito maior. E o mundo automaticamente seria bem melhor. O outro que é diferente de mim também porta em seu ser a imagem e a semelhança de Deus. Deve ser acolhido, amado e respeitado. Assim sou eu, assim é você, assim somos todos nós, com nossos valores, limites e sonhos. Somos todos filhos e filhas do único e mesmo Deus.
SOU HUMANO
(Pe. Paulo)
Sou uma palavra de Deus,
Palavra que não se repete.
Sou único, sou singular,
Sou humano e vou me encontrar.
Sou parte do universo
Sou uma semente de amor,
Fecundada no seio da vida
Sou a arte do Deus Criador.
Sou minha identidade
Construída ao longo da vida,
Sou corpo, sou vida, sou tempo.
Morada de Deus, eu sou Templo.
Sou parte da nova história
Sou herança, sou novidade.
Decisão, esperança de vida.
Sou memória, eu sou liberdade.
Aprendi a cuidar de mim,
Sei meu nome, e quem sou eu,
Meus valores, limites e sonhos.
Sou humano, sou filho de Deus
AGRADECIMENTOS:
Humano, com valores e limitações saúdo e agradeço:
– Arcebispos e bispos;
– Presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas;
– Família, (Meus pais in memória);
– Povo: Paróquia Imaculada Conceição, de Coqueiral / Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Catedral de Colatina / Nossa Senhora Auxiliadora, de Marilândia / Nossa Senhora da Penha, de Honório Fraga / Santa Terezinha do Menino Jesus, de Aracruz / Nossa Senhora Auxiliadora, de Itarana / Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, de Itaguaçu;
– Seminários e demais paróquias;
– Amigos do período acadêmico;
– OSIB / CNBB;
-Estrutura: Aracruz; canto; liturgia; comunicação; alimentação; acolhida; externa; e todos os que colaboraram das mais diversas formas.
Deus abençoe e recompense a todos. Meu muito obrigado.
Dom Paulo Bosi Dal´Bó