A Comissão de Liturgia do Regional Leste 2 (dioceses de Minas Gerais e Espírito Santo) realizou seu Encontro Anual de Liturgia, em Belo Horizonte (MG), de 24 a 27 de setembro. O padre Antonio Luiz Pandolfi representou a Diocese de Colatina na ocasião.
O encontro refletiu sobre as catequeses do Papa Francisco sobre a Eucaristia, propondo uma releitura da Sacrosanctum Concilium. Ao final, os 40 participantes publicaram uma Carta ao Povo de Deus, em que assumem quatro compromissos para com a Igreja e seus fiéis. Leia na íntegra:
CARTA DE COMPROMISSO
“Gostaria de redescobrir juntamente convosco a beleza que se esconde na celebração eucarística, e que, quando é revelada, dá pleno sentido à vida de cada um.”
(Catequese do Papa Francisco em 08/11/17)
Exmos. Srs. (arce)bispos, estimados padres, diáconos, leigos e leigas, animadores da vida litúrgica do nosso Regional Leste 2
Nós, os participantes do encontro anual com coordenadores (arqui)diocesanos e assessores das comissões de liturgia das (arqui)dioceses de nosso Regional, reunidos na Casa de Retiros São José, em Belo Horizonte/MG, de 24 a 27 de setembro de 2018, refletimos a respeito das Catequeses do Papa Francisco sobre a Eucaristia, uma releitura da Sacrosanctum Concilium, com assessoria do padre Márcio Pimentel, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Esse encontro visa à formação das pessoas que conduzem e animam a vida litúrgica de nossas comunidades, dando maior fundamentação para nossas práticas, para que auxiliemos pastoralmente nosso povo nos seus processos de amadurecimento e celebração da fé.
Partimos da feliz constatação de que vivemos um novo tempo na Igreja com o Pontificado do Papa Francisco, que faz sentir a sua influência em todos os setores da vida eclesial, o que inclui nossas liturgias. Embora ele ainda não tenha escrito nenhum documento acerca da dimensão litúrgica, a sua influência se faz sentir a partir de suas posturas, gestos e pontuais ocasiões em que discorre sobre ela, o que revela sua absoluta fidelidade à Reforma Conciliar.
Auxiliados pelo assessor e revisitando a Sacrosanctum Concilium, que ofereceu as bases para a reforma litúrgica, compreendemos melhor:
– Os livros litúrgicos aprovados após o Concílio Vaticano II são a expressão concreta da Reforma;
– A liturgia dá visibilidade ao modelo de Igreja assumido pelo Concílio (eclesiologia de comunhão);
– Os ritos são gestos eclesiais de Jesus Cristo e a liturgia é a ação de Deus acontecendo no corpo eclesial;
– Liturgia deve ser vista, antes de tudo, como lugar teológico, pois é a principal transmissora da fé;
– Devemos conformar nossa vida ao mistério que celebramos por meio do nosso ser e agir cristão no mundo. O perigo do sacramentalismo está em parar na exterioridade do rito, esvaziando-o de seu sentido e de sua verdade;
– A Missa, memorial do Mistério Pascal de Cristo, é a oração por excelência do cristão, coração da Igreja e relação pessoal com Deus e com os irmãos.
Com as palavras do Papa Francisco, damos “graças ao Senhor pelo caminho de redescoberta da Santa Missa, que Ele nos concedeu percorrer juntos”, e deixamo-nos “atrair com fé renovada por este encontro real com Jesus, morto e ressuscitado por nós, nosso contemporâneo” (Catequese de 04.04.18).
Provocados pelas reflexões feitas e mais conscientes de nossa missão de formadores de uma nova mentalidade que conduza nosso povo a uma autêntica espiritualidade litúrgica, assumimos os seguintes compromissos:
- Fomentar a formação das pessoas com as quais desenvolvemos nossos trabalhos em nossas (arqui)dioceses, a começar por aqueles que compõem as Comissões para a Liturgia e atuam como multiplicadores de conhecimentos e experiências, especialmente no que se refere à importância de uma compreensão mais precisa da teologia que sustenta a vivência litúrgica da celebração eucarística;
- Aprofundar a reflexão aqui iniciada, buscando uma maior capacitação para o exercício da coordenação da Pastoral Litúrgica, sempre em sintonia com as diretrizes da nossa Igreja em todos os seus níveis de Magistério;
- Apoiar as iniciativas da Comissão para a Liturgia de nosso Regional, para que consigamos uma caminhada coesa de partilha, fraternidade e crescimento na formação.
- Consolidar a necessária interação catequese-liturgia, entendendo que a catequese tem uma forte dimensão iniciática a uma autêntica vivência mistagógica da liturgia e esta, por sua vez, é sempre uma “catequese em ato” (São João Paulo II).
Imploramos a todos as bênçãos de Deus e pedimos que rezem por nós, para que sejamos sempre fiéis à missão a nós confiada!
Belo Horizonte, 27 de setembro de 2018
Memória de São Vicente de Paulo